sábado, 30 de janeiro de 2010

Esses moços, pobres moços...

A trajetória natural da existência humana sugere que as pessoas aprendam com tudo que lhes aconteça, considerando aquela máxima: vivendo e aprendendo. Nessa linha de raciocínio, o maior empreendimento da humanidade está em saber conjugar harmonicamente essas duas ações, no gerúndio mesmo, dando esse toque de continuidade prazerosa que a vida nos propõe. E, quando alguém atinge esse nível de compreensão, as relações entre as pessoas adquirem um patamar de civilização e evolução existencial.
Desde os primeiros passos, na fase inicial da infância, tudo o que a criança faz - por mais simples que seja - ganha status de ousadia e até de genialidade precoce. A família supervaloriza todo gesto, cada palavra, cada frase de efeito que pega qualquer um de surpresa, enfim, parece um período no qual todos devem assistir ao espetáculo e sensivelmente aplaudir a todo infante sinal prodigioso. De fato, esse estágio de nossa passagem por aqui é admirável, requer acompanhamento, valorização, respeito e esperança de que esteja bem assegurada a transição para a nova etapa da vida.
Sabe-se que esse processo de mudança no ser humano é até objeto de estudos, pois o comportamento das pessoas se altera substancialmente, o que gera a necessidade de adaptações constantes ao meio. Na adolescência, estendida cada vez mais no ciclo da vida, percebe-se um fluxo crescente de novos personagens que afloram seus estilos variados, exóticos, criativos, assustadores, misteriosos, coloridos, numa diversidade que deixa sem noção, principalmente, os mais velhos quanto ao que esteja acontecendo com essa turma nova. Até onde for a fase adolescente de cada um, é bom saber que ela refletirá as tendências e os novos conceitos no mundo.
Bem, mas chega-se ao estágio adulto da vida, tempo em que a censura, as repressões, os desgastes emocionais tornam-se comuns e insuportáveis para muitos. Acredita-se que se adquiriu tanta experiência na convivência com os outros que já se sabe tudo; não admitindo contrariedade alguma ao pensamento estabelecido, haja vista o pedestal de poder absoluto em que alguns adultos - às vezes - julgam se encontrar. E é aí que se geram os conflitos com os de outras gerações; uma queda de braço na qual o que cai mesmo é a conscientização do valor das diferenças, tão propaladas na mídia moderna.
Quem garante a segurança do roteiro escolhido? Quem pode afirmar e assegurar o fim desde o começo? Se cada fase da vida alicerça a fase seguinte, o que se deve fazer mesmo é aprender a [con]viver. Ninguém sabe tudo, somos eternos aprendizes e, até isso, é bom que todo mundo admita.
Aquele, no entanto, que enxerga a vida pelo retrovisor vai dizer soberbamente e, quiçá, com razão: -Esses moços, pobres moços; ah! ... se soubessem o que eu sei...

Nenhum comentário:

Postar um comentário